Durante o verão, cresce o número de crianças que pegam o vírus da hepatite A. Veja como proteger seus filhos
A princípio não haveria motivo para preocupações. Ora, existe vacina para a hepatite A. Mas a questão é que ela não faz parte do calendário oficial de imunização determinado pelo Ministério da Saúde. Muita gente fica sem acesso, por ter de pagar. E outros, mesmo frequentando clínicas particulares, nem sabem da sua existência.
Quanto mais velho, pior
Oito em cada dez meninos de 14 anos que pegam hepatite A amargam sintomas clássicos da infecção: a urina fica escura; as fezes, claras; a pele e os olhos, amarelados. Sem contar o tremendo mal-estar. Já em dois terços dos menores de 6 anos o contato com o vírus quase passa batido. "Neles os sintomas costumam ser inespecíficos", diz a hepatologista Edna Strauss. "Canseira, febre, dor de barriga...", exemplifica. Ou seja, aquilo descrito nos relatos de férias com o famoso "pegou uma virose". Na minoria em que a infecção evolui seus sinais só surgem de duas a seis semanas depois da entrada do vírus.
Vacina nota 10
Injetável, a vacina passou a ser aplicada no início dos anos 1990 e é considerada muito segura. "Tem uma eficácia de mais de 95%", garante a hepatologista Gilda Porta, de São Paulo. "Toma-se a primeira dose a partir de 1 ano e, depois de seis ou doze meses, é dada a segunda", explica o pediatra Norberto Freddi. Elas são suficientes para proteger o organismo pelo resto da vida. Adolescentes e adultos que ainda não se vacinaram também podem receber a injeção, sem problemas. Só não precisa tomá-la quem já teve hepatite A, porque, uma vez doente, o corpo aprende a enfrentar o vírus e nunca esquece a lição.
A saída é descansar
Quem contrai a hepatite A tem só uma coisa a fazer: esperar. O organismo se encarrega de varrer o vírus. Mas a seu tempo. Não há remédio que acelere o processo - que leva morosos 30 ou mais. Os médicos prescrevem repouso até que a situação esteja sob controle. "Não é necessário permanecer na cama o tempo todo", diz Edna Strauss. "Só não dá para ficar passeando, indo ao trabalho ou à escola". Até porque, além de poupar o organismo, é indicado um certo isolamento. E, se você já ouviu aquela história de que é bom entupir o paciente com hepatite de doces, ignore - é lenda. Aliás, como ele fica enjoado, é melhor deixá-lo comer o que lhe apetecer. Só não se esqueça de lhe oferecer muito líquido. Bem hidratado, o corpo se recupera mais depressa.
Confira os principais focos de contaminação e como se precaver :
Água
Em locais onde ela não passa por um tratamento adequado o vírus consegue infectá-la facilmente por meio das fezes humanas. Portanto, só consuma o líquido filtrado. "E o microorganismo gosta de ambientes frios", diz o infectologista David Uip. Não à toa, ele pode ser transmitido nas pedras de gelo feito com água de torneira.
Alimentos
O saneamento ineficiente favorece a contaminação de verduras e frutos do mar. Evite se alimentar em lugares suspeitos. Ao preparar saladas, deixe-as de molho em solução clorada. O.k., mariscos e ostras crus são uma delícia, mas o mais seguro é comê-los bem cozidos se não conhecer a procedência.
Mãos sujas
A falta de cuidados básicos de higiene é outro fator de risco. Ensine seus filhos a lavar sempre as mãos com sabão. Não deixe também que desenvolvam o hábito de levar os dedos à boca.
Contato com os infectados
Se algum parente contraiu a hepatite A, não há por que entrar em pânico. Mas, para que a infecção não se dissemine, lave os talheres do doente separadamente e jogue formol no vaso sanitário.
Publicado em 07/12/2011
Reportagem: Diogo Sponchiato - Edição: MdeMulher
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